Nessa época, porém, A Companhia Agrícola de Imigração e Colonização , CAIC , subsidiária da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, sabedora dos planos de extensão dos trilhos da Estrada de Ferro Araraquarense, que demandavam às barrancas do Rio Paraná, adquiriu vasta gleba objetivando colonizá-la racionalmente.
Uma equipe de funcionários, chefiada pelo engenheiro Dr. Hélio de Oliveira, atingiu a região iniciando os trabalhos de pesquisas e desbravamento do local ainda coberto por densa mata. Em 1947, já estava demarcada uma área de seiscentos alqueires, dividida em duas partes: uma de cem alqueires, destinada ao núcleo populacional que se pretendia eregir; a outra para ser desmembrada em pequenas chácaras circundando a futura urbe.
Os trabalhos iniciais foram os mais difíceis. A região, embora palmilhada desde cem anos antes pelos tropeiros, era inóspita e agreste. A mataria cerrada que tantos incêndios sofrera no perpassar dos anos retorcia-se nas coivaras, agigantava-se nos seculares troncos; misterionizava-se nas ciladas da natureza. Mas os primeiros colonizadores da têmpera dos bandeirantes, que não buscavam nem índios, nem pedras preciosas, nem ouro, mas fixação do homem a terra, princípio e fim de todos os anelos abonançavam o incógnito das matas pela crença no progresso da região.
E pela primeira vez o rijo aço das ferramentas fere a terra recém conquistada. E dos sulcos arrojados dos primeiros lavradores surgiu a benesse, frutada na colheita agrícola da terra magnânima. A notícia da terra boa correu célere, e para cá vieram, em 1947, as primeiras famílias. A vendola de Salvador Martins se abre: nas poucas prateleiras o pouco de mercadorias para o muito que se necessitava. Antonio Carlos de Santa Fé do Sul e França nasce a 31 de março de 1948. E Emídio Antonio de Araújo constrói a segunda casa no nascente patrimônio.
A fé dos desbravadores, representada pela grande cruz que as duas avenidas da cidade formam, na prece permanente de seu povo, quis dar por marco inicial da cidade a primeira missa aqui celebrada: 24 de junho de 1948.
As bênçãos do Frei Canuto e a prece do povo frutificaram nos anos seguintes. A firmeza com que a CAIC prosseguia a sua colonização, o método empregado resultante de longa prática acumulada , a exuberância do solo, concorreram para que o rush impressionante que se verificou de 1948 a 1951 fizesse de Santa Fé do Sul uma risonha esperança. Mas a cidade nova estava longe, muito longe dos poderes públicos. Então, os pioneiros se estruturaram na Sociedade dos Amigos de Santa Fé do Sul e assim, governara a nascente povoação até que, em eleição no município de Jales, então jurisdicionante, puderam mostrar sua presença e eleger os primeiros representantes à Câmara Municipal daquela cidade; os senhores Mário Camargo e Antonio Cristiano de Melo.
Era uma demonstração pujante de que Santa Fé do Sul progredia. Realmente, nesses cinco anos, aumentara sensivelmente, sendo já bem grande o número daqueles que chegavam e iam estabelecendo na área do povoado e próximo a este. Com o traçado e a abertura das primeiras estradas e a divisão de toda a área em pequenas propriedades, mas acima de tudo, devido ao resultado inicial obtido pelos primeiros colonizadores, Santa Fé do Sul passou a ser conhecida e pretendida, e muitos outros, por isso, passaram a engrossar as fileiras de migração para a nova região cheia de perspectivas e esperanças. Ao mesmo tempo, chegavam os primeiros industriais, juntamente com os novos comerciantes. Conscientes do futuro que os esperava, os habitantes do povoado trataram logo de iniciar as demarcações para a criação do município. Assim pensando, e como parte do plano de ação, em 1950 os eleitores sufragaram maciçamente o nome do senhor Antonio Sales Filho, diretor da CAIC, para a assembléia Legislativa do Estado, o qual, posteriormente, chegando a Secretaria da Justiça, juntamente com outros parlamentares, influenciados pelos anseios e justos desejos da população local, conseguiu a elevação do povoado diretamente à condição de município, em 1953.
Dentro de todo o processo de formação do povoado à criação do município, bem como das condições necessárias ao seu desenvolvimento, não podemos deixar de destacar a figura do engenheiro Hélio de Oliveira, superintendente da CAIC e principal planejador do citado progresso. Foi ele que comandou o corpo de funcionários da empresa chegada em 1946, bem como a ele se deve a implantação de um sistema de colonização racional e que produziu os melhores frutos. A ele, pois, cabem as honras de fundador de Santa Fé do Sul.
MUNICÍPIO:
Em 1953, Santa Fé do Sul não passava de um povoado de Três Fronteiras, sendo esta, Distrito de Paz do município de Jales. Beneficiando-se de um artigo da Lei Orgânica dos municípios, que permitia a fixação da sede municipal num povoado, desde que este apresentasse índice populacional e de arrecadação mais elevado do que o Distrito, nossa cidade foi emancipada. O fato, na época, suscitou muitas discussões, principalmente na Assembléia Legislativa, aonde os debates chegaram a ser acirrados, prevalecendo, contudo, os argumentos que empossaram a tese favorável à sede em Santa Fé do Sul.
No dia 30 de dezembro de 1953 foi promulgada a Lei nº 2456, pelo governador Lucas Nogueira Garcez, elevando o Distrito de Três Fronteiras à condição de município, com sede em Santa Fé do Sul. No dia 1º de janeiro de 1954, o Diário Oficial do Estado publicava o inteiro teor da Lei. No dia 03 de outubro do mesmo ano, os eleitores eram convocados para as primeiras eleições municipais, que transcorreram num clima de tranqüilidade, tendo sido eleito primeiro chefe do executivo santafessulense, o senhor Alberto Pacheco. Foi eleito vice-prefeito o senhor João José da Silva e a Câmara Municipal ficou assim composta: Thomaz Monte Vicente, Raul Bíscaro, Hirnock Conceição da Silva, Miguel Renda, Francisco Moreira Sobrinho, Joaquim Saiki, Mario Saraiva, Carlos Fuzza, Antonio Modesto da Cunha, Jonas Batista de Souza e Moacir Ribeiro da Silva.
SANTA FÉ DO SUL ? COMARCA
Evidentemente, uma das demonstrações de pujança de uma cidade, está também, na sua emancipação jurisdicional. Santa Fé do Sul conseguiu-a, após um intenso trabalho na Assembléia Legislativa, pela Lei nº 5120 de 31 de dezembro de 1958.
Mas a efetiva instalação que veio dar-se no dia 05 de maio de 1962 somente foi possível após uma árdua luta, na qual empenhou-se a cidade toda, através de seus mais significativos representantes: Prefeito, Câmara de vereadores, Sociedade Amigos da Cidade...
Vários memoriais foram encaminhados ao Tribunal de Justiça, mas aquela alta Corte não podia instalar a Comarca, como era de seu desejo, porque a Lei que criara, esquecera de criar também os cargos de Juiz, Promotor e Oficias de Justiça, necessários para o funcionamento do novo termo judiciário. Uma nova batalha foi preciso ser encetada, junto ao então governador, para que sua Exª. enviasse à Assembléia a mensagem criando os referidos cargos e, depois, junto aos deputados para que a mensagem se transformasse em Lei, o que só ocorreu em 27 de junho de 1961, pela Lei nº 6.142. E a 05 de maio de 1962, após os preparativos do prédio para o funcionamento do Fórum, em solenidade realizada na Câmara Municipal, era dada posse ao primeiro Juiz de Direito da Comarca de Santa Fé do Sul.
OUTRAS PARTICULARIDADES
O nome da cidade foi objeto de inúmeras sugestões, sendo escolhido finalmente o de Santa Fé, por coincidir as iniciais com as do sobrenome de Sales Filho, o idealizador da cidade. A partícula do Sul foi acrescentada em obediência a Lei, por haver no norte do país uma vila com o nome de Santa Fé.
Localização:
O município está localizado no extremo Noroeste do estado de São Paulo, distante da sede à capital 624Km por rodovia e em 732Km por ferrovia. Limita-se ao Norte com Santa Clara D'oeste, ao Sul com Nova Canaã Paulista e Aparecida D'oeste, a Leste com Santa Rita D'oeste e Três Fronteiras e a Oeste com Rubinéia. A área do município é de 208,3 Km² e o clima é tropical com inverno seco.
Sua sede situa-se a 20º12'71" de latitude Sul e a 50°55'51" de longitude W Gr. e a altitude é de 380 metros.
Fonte:
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